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21 de mai. de 2009

A Liturgia antes do Vaticano II


"O povo assistia, mas não desempenhava papel algum na celebração propriamente dita."
As celebrações eram em latim, algo santo e intocável, misterioso e distante do povo. Um balcão ou grade separava o altar do povo. Tudo era centrado no padre, sem os ministérios e equipes de liturgia. A missa de costas para o povo, que durante a missa fazia as suas devoções. Os cantos sempre os mesmos, muitas vezes, executado só pelo coral, sem vinculação com a liturgia. A prática era assistir e não participar. A comunhão era obrigatória na páscoa. Sermão em vês de homilia. O Jejum eucarístico após a meia-noite. As celebrações iguaizinhas em todo o mundo. Tudo isso fazia com que a liturgia fosse considerada intangível; regulada pelas rubricas, devia ser executada com obediência e o maior respeito. Era um código de rubricas bem organizado e o bom liturgista era um fiel executor. O povo assistia, mas não desempenhava papel algum na celebração propriamente dita.
Na verdade, a liturgia, como muita coisa na Igreja, tinha ficado imóvel, sem adaptação alguma às novas circunstâncias da vida e das culturas, que tinham sofrido mudanças importantes durante longos anos.
Mas, passados 400 anos, percebeu-se que a liturgia proposta por Trento não correspondia mais à mentalidade dos tempos e aos desafios da pastoral. Era preciso mudar. E, quatro séculos depois, no dia 04 de dezembro de 1963, era promulgada a SC. Encerrava-se assim o capítulo da liturgia de Trento. Inaugurava-se uma nova história para a vida, a espiritualidade e a piedade da Igreja. O último meio século trouxe mudanças nas relações entre o ministro e a assembléia. Essa mudança influenciou nossa compreensão das relações entre o sagrado e o profano e mesmo entre a Igreja e o mundo.
A SC, ao n° 43, retomando uma frase de Pio XII, afirma categoricamente;
“O interesse pela valorização da liturgia é sinal de disposições providenciais de Deus. É uma passagem do Espírito pela sua Igreja. Caracteriza e constitui o modo religioso de viver e de  sentir, em nossa época"
E o Concílio Vaticano propunha como Objetivos:
  • Fomentar a vida cristã dos fiéis ou dos membros da Igreja
  • Acomodar aquilo que é suscetível de mudança às necessidades da época
  • Incentivar a unidade dos que crêem em Cristo
  • Evangelização dos não-crentes e/ou chamar as pessoas ao seio da Igreja.
Para que isso aconteça, diz a SC, é necessário cuidar de mofo especial da liturgia: reforma-la para dar-lhe um novo impulso (cf. SC 1) porque na liturgia se exerce a obra da salvação e a liturgia ajuda a viver e a manifestar o mistério de Cristo e a verdadeira Igreja (cf. SC 1).

17 de mai. de 2009

Estudo da Constituição Sagrada Liturgia


Estudo da Constituição Sagrada Liturgia

Introdução
Somos convidados a refletir sobre as grandes opções litúrgicas da Sacrosanctum Concilium (SC) e fundamentar a liturgia que realizamos hoje. A liturgia sonhada e projetada pelos padres do Concilio Ecumênico Vaticano II (1962-1965) e a liturgia que temos hoje ou a liturgia que celebramos nas comunidades.
Em Trento, no dia 4 de dezembro de 1563, encerrava-se o XIX Concílio Ecumênico, que marcou profundamente a liturgia da Igreja nos ritos e nas devoções populares, tendo no seu contexto o movimento e a reforma protestante. Após, por ordem do Papa, foram elaborados o novo Breviário Romano (1568), o Missal Romano (1570) e o Pontifical Romano (1588) que estruturaram e unificaram a liturgia da Igreja.

Diz D. B. Kloppenburg:
“Tal unificação significou de fato uniformização rigorosamente prescrita, gravemente imposta e zelosamente vigiada, até nas mínimas particularidades das cerimônias mais insignificantes
(REB, fasc. 251, jul 2003, vozes, Petrópolis, pg.582-83)
Dando continuidade, amanhã falaremos sobre “A Liturgia Antes do Vaticano II), tema importantíssimo para quem quer entender para aprender mais e melhor sobre a liturgia. Iniciaremos ainda esta semana a falar sobre “A Participação do Acólito, Passo a Passo Na Missa”

15 de mai. de 2009

Liturgia: Resgate do Essencial Perdido


Neste momento inicio aqui no blog, artigos formativos com temas mais avançados. Como sempre faço aqui, vou buscar falar de cada assunto de uma forma facilmente compreensível a todos. Então vamos lá:


Durante muitos séculos, praticamente durante todo o segundo milênio, nossa Igreja Católica Romana se distanciou demais da rica tradição dos primeiros séculos no que diz respeito à compreensão e vivência da sagrada Liturgia.


A centralidade do mistério pascal cedeu lugar aos santos e à "presença real" no Santíssimo Sacramento. A centralidade da Palavra de Deus na Liturgia, cedeu lugar às devoções. A dimensão eclesial da Liturgia cedeu lugar ao individualismo religioso. a participação ativa na assembléia cedeu lugar à "mera assistência" à liturgia do "padre". A nobre simplicidade da liturgia romana, cedeu lugar a cerimoniais complicadíssimos. A capacidade de adaptação da Liturgia às culturas cedeu lugar à rígida uniformidade romana obrigatória para os povos do Ocidente. Numa palavra, aconteceu um deslocamento do eixo na compreensão de vivência na Liturgia... Esqueceu-se o essencial na vivência do culto.


Mas, finalmente, a Igreja acordou. No dia 4 de dezembro de 1963, no Concílio Vaticano II, ela promulgou a Constituição "Sancrosanctum Concilium" sobre a Liturgia, que resgata aspectos essenciais da Liturgia que se havia perdido:
  • a centralidade do mistério pascal;
  • a centralidade da palavra de Deus;
  • a prioridade  da espiritualidade litúrgica;
  • a dimensão eclesial-comunitária da Liturgia;
  • a importância da participação do povo;
  • a nobe simplicidade da Liturgia romana e sua necessária
  • adaptação às diferentes culturas...
No ano 2003 comemoramos o 40º aniversário da Sacrosanctum Concilium. Não atinamos ainda o suficiente com o espírito deste importantíssimo documento conciliar. Ainda há muito por se fazer. Esperamos que este aniversário desperte em nós uma renovada atenção pela continuidade da reforma da Liturgia, rsgatando-lhe o essencial pedido. Para que isto aconteça, temos que investir na formação litúrgica em todos os níveis da vida eclesial, inclusive a nossa formação como Acólitos.